quinta-feira, 27 de abril de 2017

História da Ssang Yong - Parte 2



No fim do artigo da primeira parte sobre a história da SsangYong, vimos que a montadora, assim como diversas outras conterrâneas, estava em maus lençóis com o agravamento de suas dívidas, alavancadas pela crise asiática. A divisão de automóveis do chaebol SsangYong acabou sendo vendida para a Daewoo em 1998, que, curiosamente, também passava por dificuldades financeiras na época. A única mudança visível nos carros foi a substituição dos emblemas e grade frontal da SsangYong pelos da Daewoo na linha de produtos da SsangYong.


Daewoo Musso (foto: autowp.ru)


Durante o controle da Daewoo, a SsangYong passou por um programa de reestruturação corporativa. Logo depois, a Daewoo pediu falência. Consequentemente, a SsangYong tornou-se independente do Daewoo Group em abril de 2000. Os anos seguintes foram marcados pela renovação da gama de produtos, seja com reestilizações, caso do Musso, ou com novos modelos, como o Rexton, Chairman e Rodius.


SSangYong Rodius (foto: naver.com)


Em 2004, a montadora chinesa SAIC comprou 51% das ações da SsangYong. O que parecia ser uma boa injeção de dinheiro para promover o crescimento da companhia coreana, mostrou-se, na verdade, um grande pesadelo num intervalo de cinco anos. Sob o controle dos chineses, a SsangYong lançou os novos modelos Kyron e Action em 2005. Em 2008, foi lançado o Chairman W, novo sedan de luxo da marca. No entanto, o investimento realizado pela SAIC e o lançamento de novos produtos não impediram que a SsangYong fosse colocada em recuperação judicial em janeiro de 2009, após registrar perdas de 75  milhões de dólares. Em agosto do mesmo ano, a principal fábrica da montadora sul coreana, localizada em Pyeongtaek, ficou paralisada por 77 dias devido a uma greve de funcionários.



O processo de recuperação judicial da SsangYong deu início a uma investigação por parte do governo coreano. Os procuradores acusaram a SAIC de obter ilegalmente tecnologia sobre propulsão híbrida desenvolvida pela SsangYong, paga com recursos do governo sul coreano ao longo de 2006. A SAIC também foi acusada de não cumprir com o compromisso de manter investimentos na SsangYong. A companhia chinesa negou irregularidades. Mesmo assim, acabou sendo processada pela procuradoria sul coreana.


SsangYong Chairman W (foto: naver.com)


Em 2010 A Zyle Motor Sales, uma rede de concessionárias de automóveis sul coreana que operava de forma similar à CAOA e MMC no Brasil, firmou parceria com a SsangYong Motor Company para venda de seus automóveis em troca da injeção de 20 bilhões de wons na fabricante, que ainda se recuperava da falência. Em abril do mesmo ano, a SsangYong divulgou uma nota citando o interesse de algumas empresas locais e estrangeiras em adquirir a SsangYong Motor Company. As empresas interessadas eram a Mahindra & Mahindra, Ruia Group of India, SM Aluminium, Seoul Investments e Renault-Samsung Motors. Em agosto de 2010 a escolhida foi a Mahindra & Mahindra, que desembolsou 522,5 bilhões de wons numa transação que foi concluída em fevereiro de 2011.



Em meados de 2010, a SsangYong lançou um novo Korando, que guardava apenas o nome em comum com a geração anterior. Em 2012, foi lançado uma reestilização para o modelo Rexton e em 2015 foi lançado o Tivoli, o primeiro modelo desenvolvido inteiramente sob o comando da indiana Mahindra & Mahindra. A Ssangyong fechou o ano de 2015 com 144.764 unidades vendidas. Já em 2016, as vendas foram de 155,844 unidades, sendo que mais de 85 mil unidades correspondem ao modelo Tivoli. Curiosamente, o mercado que mais importou modelos da SsangYong em 2016 foi o Irã.


SsangYong Korando (foto: autowp.ru)

SsangYong Tivoli (foto: autowp.ru)

Em 25 de fevereiro de 2017, em mais uma demonstração da importância do mercado do Oriente Médio para a SsangYong, a montadora coreana assinou um acordo com a Saudi National Automobiles Manufacturing Co. (SNAM), para que uma picape de codinome Q200 (ainda não lançada), seja fabricada sob licença pela companhia árabe a partir de 2020. A SNAM faz parte do Safari Group, que reúne diversas empresas criadas com capital estatal. A SNAM é a primeira fabricante automotiva da Arábia Saudita, que pretende ingressar no mercado local com um projeto da SsangYong.

Interior do XAVL Concept, o mais recente modelo da SsangYong, exibido no Salão de Genebra de 2017