sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Os Kia que nasceram em outras fabricantes


Quem viu na imprensa especializada que a Kia lançou no Brasil o belo Stinger GT, por módicos 400 mil reais, dificilmente imaginaria que ela fabricou diversos carros de outras marcas, até chegar neste patamar de fazer produtos desejáveis destinados a público que costuma procurar por Mercedes e BMW. Criada em 1944 para fabricar bicicletas, a Kia só começou a produzir carros de passeio em 1974. Vamos ver a seguir, uma lista dos carros que eram fabricados ou montados pela Kia, mas que foram totalmente projetados por outras fabricantes:

- Mazda Familia

Kia Brisa (foto:divulgação)

O Mazda Familia foi o primeiro carro da fabricante japonesa que não se encaixava na categoria de "kei car". Era um automóvel compacto feito ao longo de oito gerações, de 1963 até 2003 e, em alguns mercados, era conhecido como Protegé ou 323. A versão da Kia se chamava "Brisa" (isso mesmo, com significado extraido diretamente da lingua portuguesa) e era baseado na segunda geração do Familia. O início da produção do Brisa coincide com o fim da fabricação da segunda geração do Familia. O Brisa foi o primeiro carro de passeio fabricado pela Kia, em 1974, na versão sedan de quatro portas. No ano anterior, a Kia já havia introduzido uma versão picape do Brisa, mas destinada a fins comerciais. Debaixo do capô, havia um motor 1.0 de origem Mazda, com 62 cv de potência. Já no primeiro ano de fabricação, o indice de peças nacionais utilizadas no modelo era de 65%. Fabricado até 1981, o Brisa recebeu ao longo de sua vida, atualizações no design, novos motores e versões de carrocerias.

- Mazda Gran Familia

Kia Brisa II (foto: m.auto.danawa.com)

Também conhecido como Mazda 808, este modelo era maior do que o Familia, e havia sido desenvolvido para ser mais competitivo diante do Toyota Corolla. Foi fabricado pela Kia, a partir de 1975, como Brisa II e, após uma reestilização, chamado de Kia K303. Era equipado com um motor quatro cilindros de 1.3 litros de 72 cv. Sua fabricação também terminou em 1981, junto com o Brisa original. 

- Fiat 132


Fiat 132 (fotos: blog.daum.net)

O Fiat 132 havia sido lançado na Europa em 1971 como substituto do Fiat 125. Para a Kia, era a aposta no ingresso do segmento de carros médios no mercado sul coreano. A licença de produção do Fiat 132 foi, na verdade, adquirida pela Asia Motors, que havia sido absorvida pela Kia em 1976. A produção do 132 sul coreano iniciou-se em 1979, na modalidade conhecida como CKD, onde o carro vinha todo desmontado da Itália e era apenas montado pela Kia. O motor era um 2.0 de 112 cv e nenhum logotipo da Kia ou da Asia Motors era encontrado no exterior ou no interior do carro. Foram montadas 4759 unidades do Fiat 132 até o fim da produção, em 1981.

 - Peugeot 604

Peugeot 604 (foto:divulgação)

Na época do lançamento, era o carro mais caro da Coreia do Sul. Foram montadas 381 unidades em regime CKD entre 1979 e 1981. O motor era o PRV V6 de 2.7 litros, dupla carburação e 134 cv. O alto valor do carro e a desistência do governo sul coreano em usar sedans com motores de seis cilindros fizeram com que o 604 tivesse vendido poucas unidades.

- Mazda 626

Kia Concord (foto: carisyou.com)

Kia Capital (foto:divulgação)

Em 1987, a Kia lançou, logo após o compacto Pride, um sedan médio chamado Concord. Este último era o Mazda 626/Capella que acabava de sair de linha para dar lugar a uma nova geração. O Concord era equipado com motores gasolina e diesel de origem Mazda, sendo 1.8 ou 2.0 litros. O motor mais potente era um 2.0 DOHC de 139 cv, introduzido na linha em 1992. Em 1989 foi lançada uma versão mais barata, com um motor 1.5 também de origem Mazda. Era chamado de Kia Capital. O Concord durou até 1995, quando foi substituido pelo Kia Clarus. Já o Capital, ganhou mais uma reestilização em 1994 e sobreviveu até 1996, quando foi finalmente substituido pelo Kia Sephia.

- Mazda Luce

Kia Potentia (foto: ok-car.co.kr)

Lançado em 1992, o Kia Potentia era a aposta da montadora para o segmento dos sedans de luxo. O carro era exatamente o Mazda 929/Luce de quinta geração, que estava sendo substituido por uma nova no Japão, tal como no caso do Mazda 626 em relação ao Kia Concord. O grande sedan tinha quase 5 metros de comprimento e tração traseira. Era equipado com motores de quatro ou seis cilindros (todos de origem Mazda), sendo este último, um V6 3.0 de 200 cv. O Potentia tinha pequenas diferenças de estilo em relação ao 929, como grade do capô, parachoque e faróis. Em 1997, recebeu uma reestilização, deixando-o com design mais esportivo, mas colocando-o abaixo do Kia Enterprise, o novo sedan topo de luxo da Kia. O Potentia sobreviveu até 2002, quando foi substituido pelo Kia Optima.

- Mazda Sentia

Kia Enterprise (foto:divulgação)

O Sentia foi o último sedan grande da Mazda, seguindo a linhagem iniciada pelo Luce. A geração derradeira do Sentia deu origem ao Kia Enterprise, que era basicamente o mesmo carro, mas com um design diferente na dianteira. Ao contrário dos outros Kia que eram modelos defasados da Mazda, o Enterprise começou a ser fabricado quando o Mazda Sentia contemporâneo ainda estava em produção. Fabricado entre 1997 e 2002, o Enterprise tinha em sua versão de topo um motor V6 3.6 de 230 cv. Este motor, foi desenvolvido por engenheiros da Kia, exclusivamente para o Enterprise, partindo do projeto do V6 3.0 de origem Mazda, que já equipava o Potentia. O carro mais luxuoso da Kia até então, teve um fraco desempenho no mercado, pois foi lançado justamente na época da crise financeira asiática. Apesar de todo o luxo, potenciais compradores não queriam comprar um carro de status que era fabricado por uma marca que tinha entrado em processo de falência. Após a crise, a Kia foi adquirida pela concorrente Hyundai.

- Lotus Elan


Kia Elan (foto: post.naver.com)

E aqui talvez o modelo mais inesperado desta lista! Sim, a Kia fabricou um Lotus, não era pirataria. Quando a fabricação do Lotus Elan chegou ao fim em 1995, a fabricante britânica vendeu os direitos de produção do modelo para Kia, que começou a monta-lo em 1996. A maior diferença no design exterior em relação ao modelo original ficava por conta das lanternas traseiras, de design próprio. As do Elan original eram do Renault Alpine A610. O motor, que no Lotus era um 1.6  turbo fabricado pela Isuzu, foi substituido por um 1.8 de 151 cv de origem Kia. Foram fabricadas apenas 1055 unidades, sendo que 235 foram exportadas. O indice de nacionalização das peças do Kia Elan era de 85%. No entanto, seu custo de produção era mais caro do que o valor final de venda. Ou seja, a Kia tinha prejuízo em cada Elan fabricado. O modelo ficou em produção somente até 1999.

- Bonus track! Mercury Sable


Mercury-Kia Sable (foto: bobaedream.co.kr)

O Mercury Sable era o "primo rico" do Ford Taurus. No mercado norte americano, o Sable era a opção mais luxuosa em relação ao Taurus. Lançado em 1986 nos EUA, o Sable  foi exportado para a Coreia do Sul, onde ganhava uns emblemas da Kia e era vendido ao lado do Concord e, posteriormente, do Potentia. Era vendido como Kia Sable, apesar dos emblemas Mercury não terem sido removidos. Foi vendido entre 1989 e 1996, quando a Ford entrou formalmente no mercado coreano e o substituiu pelo Ford Taurus. O Sable foi vendido desta forma na Coreia do Sul porque, em contrapartida, a Kia exportava para os EUA o modelo Pride, que, em terras americanas, se chamava Ford Festiva. Guardada as devidas proporções, o negócio foi vantajoso para os dois lados, pois o Pride foi o primeiro Kia de grande volume de produção graças às vendas no mercado norte-americano, enquanto o Sable foi responsável pelo início da febre dos carros importados na Coreia do Sul. Em 1990, por exemplo, 1579 Kia/Mercury Sable foram vendidos, o que representa quase a metade das vendas de carros importados na Coreia do Sul daquele ano.

domingo, 29 de julho de 2018

Daewoo Espero - Raízes no Monza ou no Vectra?


Em qualquer roda de conversa ou canto da internet em que se fale sobre o Daewoo Espero, haverá, invariavelmente, o comentário de que este modelo deriva da plataforma do Chevrolet Monza. O Monza era fruto da famosa plataforma J, utilizada em diversos carros do grupo GM em todo o mundo a partir da década de 80. Porém, sempre me chamou a atenção o fato de o Espero não ter design semelhante ao Monza, nem mesmo se prestarmos atenção somente ao formato das portas e vidros de ambos os modelos. Neste caso, o Espero é mais parecido com o Vectra A, figura relativamente comum no cenário automotivo nacional. Há, inclusive, diversas pessoas que creem que o Espero é um derivado do Vectra A.

Mas foi ao me deparar com uma foto de um Kadett E sedan, que percebi, também, uma semelhança com o Espero. Como o Kadett sedan nunca foi oferecido no mercado brasileiro, dificilmente lembraríamos dele ao compara-lo com o Daewoo Espero. E foi a partir dessa estranha semelhança de perfil entre esses dois últimos carros, que decidi investigar a origem do projeto do Espero. Nada como investigar uma informação já consolidada e bem divulgada e ter uma grata surpresa.

Daewoo Espero (foto:divulgação)
Opel Kadett GL Sedan (foto:divulgação)
Opel Ascona C (foto:divulgação)

A conclusão da pesquisa realizada é a de que o Daewoo Espero não é derivado do Chevrolet Monza. Não utiliza a plataforma J da General Motors, tampouco deriva do Chevrolet/Opel Vectra A. A origem do projeto do Daewoo Espero está no Opel Kadett E. Agora, uma pausa para esfriar os neurônios após ler e ouvir por aproximados 25 anos de que o Espero era um Monza com design diferenciado... 


Voltemos!



Parece um bocado petulante refutar uma informação replicada a mais de duas décadas e, parando para pensar, realmente é. Mas mostrarei a seguir fotos, um pouco de história da Daewoo e definição de conceitos para sustentar meu argumento. Creio que as fotos apresentadas a seguir serão o que mais fortalecerão a afirmativa apresentada no terceiro parágrafo. No entanto, as fotos são de baixa resolução e eu jamais tive oportunidade de tirar fotos e medidas detalhadas de um monobloco de Daewoo Espero, muito menos de um Kadett sedan. Portanto, a conclusão aqui apresentada ainda pode ser confrontada com novas informações não apresentadas neste texto.



Inicialmente, é necessário definir o que é uma plataforma: Ela é composta basicamente pelo piso do carro, a parede corta-fogo, as longarinas e as caixas de roda. Ou seja, é basicamente a estrutura onde são fixadas as partes mecânicas do carro, como o sistema de direção, suspensão e conjunto motriz. Consequentemente, carros com mesma plataforma costumam usar componentes mecânicos iguais, ainda que, externamente, o design da carroceria seja distinto um do outro. O uso de plataformas reduz consideravelmente os custos de desenvolvimento de um novo automóvel, bem como permite que o processo de criação de um novo modelo seja abreviado. Plataformas automotivas recentes como a MQB, da Volkswagen, ou a Subaru Global Platform, da Subaru, foram criadas já levando em consideração possíveis mudanças nas medidas do entreeixos e da largura no desenvolvimento de carros de diversos segmentos utilizando a mesma plataforma.

Uma plataforma automotiva atual. Na foto, a Subaru Global Platform  (foto: ch.nicovideo.jp)

É importante salientar que em uma plataforma automotiva que tenha sido fabricada por uns 20 anos, como no caso da Fiat Strada, o monobloco de uma Strada 1998 não será exatamente igual ao de uma Strada 2018. Neste intervalo de tempo, novos materiais podem ser usados no processo produtivo, bem como alterações pontuais podem ser realizadas, como a introdução de novos pontos de soldas ou adição de elementos para reforços estruturais, o que resulta em um produto de qualidade superior em relação ao que foi projetado inicialmente.



Definido o conceito de plataforma, podemos então começar a desconstruir a seguinte afirmativa: "O Espero é um carro da plataforma J, e portanto, derivado do Monza". Isto significa que, para um estar relacionado ao outro, é necessário que componentes estruturais sejam identicos ou bem similares. Itens como longarinas, parede corta-fogo, pontos de ancoragem da suspensão e o projeto de suspensão deveriam ser idênticos ou extremamente parecidos entre Monza e Espero.



- Analisando monoblocos

Vamos começar pelo cofre do motor, mais especificamente onde o amortecedor dianteiro é preso no monobloco. No Chevrolet Monza, o coxim superior do amortecedor é composto de três prisioneiros, dispostos num ângulo de 120 graus. No Daewoo Espero, são apenas dois prisioneiros no coxim superior e seu design é o mesmo do Kadett E. Desta forma, a torre do amortecedor de Monza e Espero são diferentes. Nota-se também, no caso do Espero, um leve deslocamento, em direção à traseira do carro, do ponto de fixação do amortecedor, que permite um ângulo mais negativo de cáster. O ângulo de cáster do Espero e do Kadett são idênticos, mas diferentes do Monza.

Torre do amortecedor do Monza na esquerda, Espero ao centro e Kadett na direita (fotos: mercadolivre.com e ria.com)

A ancoragem das balanças inferiores da suspensão dianteira também são distintas entre Monza e Espero. No Monza, cada balança está conectada à uma travessa longitudinal que se estende da extremidade da longarina, na junção com a parede corta-fogo, e a dianteira do carro. No Espero e no Kadett, a balança é presa diretamente ao reforço estrutural soldado à lateral da longarina. Já a longarina em si, é mais retilinia no Monza. No Kadett e no Espero, apesar de terem o mesmo formato quando vistas de perfil, há diferenças no desenho das longarinas quando vistas de cima.

Longarina, por dentro, lado direito. Monza na esquerda, Espero ao centro e Kadett na direita (fotos: user Diego Paiva|forum.monzeiros.com e ria.com)

Na parede corta fogo, a região que envolve o eletroventilador do sistema de climatização e a caixa evaporadora são bem similares entre Monza, Kadett e Espero, não sendo possível, por fotos, notar maiores diferenças. A mesma situação se repete nos pontos de fixação da caixa de direção. No entanto, a região que fica logo atrás do servofreio é bem diferente. No Monza, a chapa tem diversos furos, cada um passando um elemento que liga o interior do carro ao cofre do motor. Já no Kadett e no Espero, há uma grande placa preta, com diversos orificios, que pode ser removida. Outra diferença está na parte inferior da parede corta fogo. No Kadett e no Espero, a barra estabilizadora é presa em dois pontos da parede corta fogo. No Monza, a barra estabilizadora está presa no assoalho do carro, praticamente na porção inferior das longarinas.

Parede corta fogo, com marcações em verde evidenciando semelhanças e em vermelho, evidenciando diferenças. foto 1: Monza. foto 2: Espero. foto 3: Daewoo Nexia (Kadett sedan). foto 4: Kadett. (fotos: User Marcel Murai/forum.monzeiros.com e ria.com)

No assoalho, a principal diferença entre Monza e Kadett/Espero é o reforço estrutural transversal que fica embaixo dos bancos dianteiros. Também é possível notar diferenças no desenho das nervuras nas seções planas do assoalho entre Monza e Kadett/Espero. Cabe lembrar que o Espero possui entre-eixos maior que o do Kadett. O incremento em tal medida foi possível com a adoção de uma extensão aplicada entre as colunas B e região onde se situa o assento do banco traseiro.

assoalho do Monza na esquerda, Espero ao centro e Kadett na direita (User avvsilva/forum.monzeiros.com e ria.com)

Na região do porta malas, Kadett e Espero possuem uma travessa transversal que separa o assoalho da mala do habitáculo de passageiros, item não presente no Monza. Outra diferença fica por conta do formato da chapa de aço que envolve longitudinalmente a caixa de roda traseira. O alojamento do estepe, no entanto, parece ser similar entre ambos os modelos.

Porta malas do Monza na esquerda, Espero ao centro e Kadett sedan na direita (foto: monza1992blogspot.com e ria.com)

 - Por que plataforma J?

Após diversas fotos evidenciando as diferenças entre Espero e Monza e, ao mesmo tempo, mostrando as similaridades entre Espero e Kadett, pergunta-se por que é informado, erroneamente, que o Espero deriva do Monza. Provavelmente, parte da confusão criada tem  a ver com o fato de que o código do chassi do Espero começa com "KLAJ" , sendo esta quarta letra a identificação de um carro que utiliza a plataforma J dentro do grupo GM. Ou seja, todo Monza, Cavalier, Camira, Ascona C, Cimarron e outras diferentes identidades do nosso Monza possuem o código do chassi com a letra J no quarto digito. Já no caso do Opel Kadett E e suas diferentes versões, a quarta letra do chassi é a letra T. Porém, cabe ressaltar que na plataforma J, há grande diferença entre sua primeira fase, fabricada até 1994, e a fase posterior, iniciada em 1995 com a nova geração do Chevrolet Cavalier e que seguiu em produção somente nos EUA. Longarinas, assoalho, parede corta-fogo e suspensão são completamente distintos entre as duas gerações de plataforma.

Chevrolet Cavalier 1996. (foto: fonte desconhecida)

Outro ponto que corrobora para o fato de não haver semelhanças entre Monza e Espero é a própria história da Daewoo. Tendo adquirido o controle da endividada Saehan Motors em 1982, a linha da Daewoo Motors era composta pelo modelo Maepsy, uma versão local do Opel Kadett C, conhecido no Brasil como Chevrolet Chevette e o Daewoo Royale (versão local do Opel Rekord E). Em 1986 o Maepsy foi substituído pelo Daewoo LeMans, versão local do Opel Kadett E.

O Daewoo Espero, lançado em 1990, foi o primeiro carro com design criado por um estúdio italiano para a Daewoo. Seria muito custoso para a montadora criar um novo modelo baseado em um projeto de engenharia de um carro que ela nunca fabricou, como o Opel Ascona C/Chevrolet Monza. Faz sentido, portanto, que a Daewoo tenha iniciado o projeto de um novo carro a partir de um modelo bem conhecido, com custos de processo de manufatura amortizados, que era exatamente o caso do Daewoo LeMans sedan. A mesma fórmula foi utilizada posteriormente na criação do Daewoo Super Saloon/Ace, que utilizava o projeto de engenharia do Opel Rekord E, mas com um design desenvolvido dentro da Daewoo.

Daewoo Maepsy, Royale e LeMans (foto: divulgação)


- Nem Monza, nem Vectra

Algumas pessoas costumam ligar o Espero ao projeto do Opel Vectra A. Tal confusão ocorre provavelmente por causa de dois fatos. O primeiro é que o conjunto motriz de ambos os carros é virtualmente o mesmo, inclusive as relações da caixa de marchas. O outro fato se deve à uma declaração da importadora oficial da Daewoo para o Brasil na ocasião de lançamento da marca no país, conforme registrado no Jornal "Folha de São Paulo" em 20 de março de 1994: "Com design que lembra muito os carros da GM, o Espero utiliza a mesma plataforma usada no Vectra, segundo a importadora oficial." Tal comparação também foi repercutida pela revista Quatro Rodas no teste do Espero, realizado em novembro de 1994. No entanto, o Vectra apresenta um projeto mais atual que o do Kadett e do Monza, contendo alguns avanços de engenharia, como a adoção de um subchassi dianteiro.

Monobloco de um Vectra A (foto: ria.com)

Sendo assim, o Daewoo Espero é quase uma salada. Projeto do Opel Kadett E, com pitadas de engenharia sul coreana e design italiano. Semelhanças com o Monza? Só algumas peças que definitivamente não o categorizam como um produto da plataforma J.